Na mulher feliz a saudade é secundária.

Eu tenho um jeito diferente de lidar com a saudade. Eu não a procuro e nem ela faz questão de vir atrás. É melhor assim...

Me vejo feliz. Desapegada. Rodeada ao estar teoricamente, parada. Não me entristeço, mantenho me firme na corda bamba da alegria. Avisei a quem quisesse ouvir: "Eu sou problema!" quem se amedrontou, foi embora. Quem bebeu a dose de curiosidade que havia deixado em cima da mesa, permanece aqui. 

Eu havia vivido poucas vezes quando me dispus a adquirir essa prática. 

Olha, eu não estava falando da gente quando disse que gostava de estar sozinha, eu não estava falando da gente. Mas foi você quem colocou números em alfabetos e calculou as vogais de maneira negativa. Desentendeu. Por fim, não sinto falta. Eu até quis que me notasse, mas desisti. Eu desisto de tudo. Idiotamente, não persisto. Eu sempre quis um pouco menos de saudade, sempre a vi como um animal de estimação do qual eu não conseguia me livrar, obrigada a cuidar. Mas agora eu consegui. Eu não sinto falta, só achei que você gostasse de mim, só. Você parecia gostar, sabe? Mas não gostava. E eu não sinto saudades. Eu sinto felicidade, serve? Sinto gratidão. Ao me despedir, perdoo. Estou pagando pra sair da vida de quem é ignorante de graça. 

Aprendi a dirigir. Venho dando mil voltas nesses quarteirões da vida. Com calma, sem pressa. Solta. Livre. 

Não sinto falta. Não uso o retrovisor. Não procuro a saudade. Não sinto saudade. Acabou. É bom que seja assim, longe dos olhos e longe do resto. 

Entre ser feliz e ter razão, você escolheu a segunda opção. Boa sorte! Eu não sinto saudades. Permaneço usufruindo de uma felicidade meio que clandestina, em que mergulho em queda livre e o único medo que sinto é de não ter gostado da aventura.

Eu tenho um jeito diferente de lidar com a saudade. Eu não a sinto, serve?