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24 de jul. de 2012

Você lá, eu cá.


Eram lábios frios sobre cabeças quentes. Estava tudo errado. Eram lábios que não me respondiam, não me decifravam. Olhos que não me mediam. Era assim, ele lá e eu cá. E me pergunto como é que posso viver tanto tempo assim sem ele sem dar uma de louca e embarcar em qualquer avião que me destine a teu colo? E de que adianta?! Lá esta mais frio do que aqui. E não estou falando sobre a temperatura ambiente.
Não somos presos e muito menos um do outro. É que eu me preocupo em saber se os teu lábio frio que existe a quilômetros de distância do meu, não visita outro de vez em quando. Mas você sempre foi livre. É claro que foi. Sempre. Inventou de ir e eu? Deixei. Que vá. Mas que volte. Volte porque a volta é um recomeço e vem cá... Eu preciso de recomeços. Assim como a humanidade precisa de Deus, embora muitos desacreditem, simplesmente precisam. E é assim que me sinto. Embora desdenhe desse nosso recomeço, é dele que preciso. Whatever! A chuva continua existindo e junto dela esse meu medo do qual você conhece bem, cansou de me acalmar, é? Cansou de me atender em meio a trovoadas na madrugada com a voz embriagada de sono só pra me pedir para tampar os ouvidos que ao amanhecer tudo estaria bem, cansou? 
O que me revolta é sentir esse mesmo cheiro, cheiro de amor morto sendo ressuscitado. Amor adormecido sendo acordado me cheira mal, me cheira péssimo. Você balançou meu mundo, me sinto enjoada. Prefiro agora permanecer parada. E o pior de tudo cara, é que eu sei que a gente se encontra. Sabe? Propositalmente ou não. Mesmo eu aqui e você aí, do outro lado do mundo. Na melhor e mais bonita parte da América. Ou aqui, na cidade onde todos correm como loucos contra o relógio e ignoram as garoas de tão intimas que elas se tornaram. A gente se encontra, seja daqui dez minutos ou dez anos. Relaxa que a gente se encontra, seja no altar ou na fila do banco. Comemorando grandes feitos. De coração aberto. Volúveis ou iguais: Dois orgulhosos ameaçando voltar. Cometo erros pra tentar disfarçar que olha, na verdade, eu tô louca pra te ver. Mas pouco importa o quanto eu use a força do meu pensamento, a força do meu charme, a força das minhas mãos, você não vem. Você me ama, mas não vem. Eu não o vejo. E você finge que o tempo não existe. 3 anos, 6 meses e 17 dias, eu prefiro achar que você esta bem. Assim como finjo que estou. Ahhh, você deve estar! Pra quem se finge indiferente sempre esta tudo bem. E eu? Sorrio as vezes. Quando me pego lembrando que eu só te calava quando te beijava. E hoje o silencio é que me beija, de tão nítido que ele vem sendo. De tão apalpável que ele se fez. Um silêncio que responde toda vez que te chamo. Eu te amo, mas não vou. Não movo uma palha para que você volte. Embora eu queira. São só lábios frios e cabeças quentes.

3 comentários:

  1. Maravilhoso, como sempre! Você tem um dom!

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  2. Sabe quando você navega em busca de algo novo e acha?
    Fui eu com seu blog...

    Gostei do jeito que escreve, e esse texto em especial diz muito!

    Lilian Tormin, muito prazer.

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  3. Oi Clara!
    vi essa citação agora e lembrei de você

    "Há livros que nos prendem desdes as primeiras páginas, porque é como se tivessem sido escritos para nós.
    Não é que o mundo não tenha direito a conhece-los, apenas, enquanto o lemos, o resto do mundo deixa de existir para nós"

    Acho que isso espremi bem como me sinto quando estou aqui no blog. Obrigada por compartilhar suas criações conosco.

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