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23 de jun. de 2012

A moça.


Não a ignoro. Tem um jeito tão desajeitado de caminhar, brincando com as crianças que encontra em meio a rua se tornando uma delas. A minha unica vontade era colocar seus cabelos para trás da orelha, para que ela pudesse enxergar melhor, me enxergar maior. Eu fui estúpido com ela e ela gritou comigo de uma maneira que nunca havia gritado antes. Eu nem sabia que o tom de sua voz soaria tão alto. Nos separamos. E nos reconciliamos, é que ela tem um jeito peculiar de olhar pra mim, de viver pra mim, de dançar pra mim, de gostar de mim, mas é inaceitável saber que ela se encanta tão fácil. Que se leva tão fácil. Que vê traições como desvio de amor e desconhece o uso prático da palavra fidelidade. Mas eu tinha que fazer alguma, desculpa, eu tinha que fazer alguma coisa. Me deixou de mãos atadas e essa minha vontade de atar as mãos em seu corpo vinha sendo maior que eu. Maior que o jeito que eu quero que me veja. E eu até quis provocar ciumes, quis mesmo. Eu quis que me notasse. Eu quis muito. Mas foi em vão. Desvia friamente dessas minhas infantis atitudes que tem como unica finalidade prender sua atenção. Te peço agora: Não precisa sorrir pra mim ao me ver passar. Não precisa passar. Não precisa sorrir. Um sorriso de estremecer a base até do cara mais frio. Eu era um cara frio. Eu sou, ainda sou. E o que é que faz aqui? Já havia se apaixonado por outro. Eu esperava te encontrar com 5 filhos e quilos de roupas pra lavar. O que é que faz aqui? Com esse mesmo sorriso que me arranca a base nesse frio. Que seja a falta do meu beijo essa sua busca ridícula por um amor qualquer. Eu que te encontro a cada 10 quilômetros. Que te imagino em nuvens e te assusto em sonhos. Que permaneço sem dormir agora por sua culpa, por tantas vezes ter permanecido acordado por sua causa. E agora vem me perguntar na maior cara de pau por onde é que eu andava? Eu? Eu tô sempre por aqui. E o pior de tudo é que você sabe.... Não vem pelo mesmo caminho porque não quer. Só por ser dona desse sorriso que endoidece caras maduros e desintegra famílias felizes. Eu sou louco pra desvendar. Minha vontade era descer desse trem e ir andando até ela, colocar seus cabelos para trás para que ela pudesse me enxergar, lembrar de mim. Ela que se encanta com tanta facilidade se encantaria por mim outra vez. 
E o que é que esta fazendo aqui? Deveria estar aprendendo a cozinhar, aprendendo a costurar, aprendendo a amar. Mas não. Ela que não solta a trança, só solta o verbo, gritou comigo de uma maneira que nunca ninguém havia gritado. Me calou como nem minha mãe havia calado. Mas e aí o universo resolve me dar motivos para continuar essa crônica, sobre um perfume indecifrável e uma mulher inabalável. E o que é que esse perfume faz aqui se já tinha se despedido e prometido não interferir nas palpitações saudáveis do meu coração? Estava certo de que passaria desapercebido ao me reencontrar com ela mas foi ela quem lembrou de mim. Me beijou subitamente e me estremeceu... Esse beijo de amolecer o coração até do cara mais frio. E novamente havia preenchido o meu vazio.
Ela era a moça quente, eu era o cara o frio.


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