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21 de out. de 2012

Do meu norte ao sul de alguém.


Eu não sabia entrar pela porta da frente da vida. Não sabia não comer pelas beiradas, sem me esconder nas entranhas do meu edredom. E descobri o quanto o meu sorriso é grande, o quanto brilha e o quanto quebra laços negativos do qual me propuseram a abraçar. Foi a vida. É a vida. A vida me emprestou pro amor por algumas vezes, curtamente, me quisera só pra ela e eu logo me afastei, pianinha... Não havia de dar certo. Também concordo que não dá pra confiar nos homens, mas meu medo era que eles confiassem em mim. Mas aí, eu que não sei começar a falar de ninguém sem gaguejar me desdobrei pra afirmar que dentro das milhares de opções, havia uma exceção. Só que o moço de nome composto ficava tão bem com a camisa do meu time do coração. Um sotaque tão incomum. Eu não podia. Eu não era a garota simpatia. Não era alguém de útil para a sociedade. Eu era só eu. Que estava aprendendo agora aos dezoito anos o que era ser inconveniente ou não. Eu só queria segurar um pouco aquelas mãos, tudo bem, eu me contentava em segurar uma só, porque eu nunca segurei assim as mãos de ninguém. Atravessei as ruas por diversas vezes desobedecendo a minha mãe e só não me espatifei porque cá entre nós, vaso ruim só há de quebrar com uma força do além muito forte. E quando a gente se encontrava eu sorria. E eu nunca sorri pra ninguém. Eu sorria porque eu gostava de sorrir, e dele. Não sei porquê. Mas eu tinha além de tudo, medo. Medo que descobrissem que além de um rostinho amassadinho de sono, eu também não sabia comer sem me sujar. Mas ele era o meu poço de respostas, eu amava derramar minhas curiosidades universais sobre ele que sabia de tudo tão bem. Eu não era tão livre assim, mas era a vida quem se amarrava em mim. Eu nunca tinha ido tão fundo ao profundo de alguém. Ele era alto, grande por fora e por dentro. Um apaziguador de sentimentos. Mas a vida não quis que eu casasse com ele, né vida? Só porque eu ainda não havia aprendido a entrar pela porta da frente dela. Eu não era a miss simpatia. Era só mais uma menina que não sabia se esconder entre o edredom sem deixar os pés a mostra. Mas minha mãe me ensinou a não reclamar e nisso eu a obedeço. A sina de quem tem dezoito anos talvez seja aprender muita coisa.

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