Mas então, querida: Porque mesmo você quer cursar jornalismo?
Sabe tia, ao certo nem eu sei. Também não sei porque raios respondo a essa pergunta com tanta delicadeza e simpatia, ainda que ela seja feita com tanta frequência. Mesmo que eu assim, por fim, me revolte com a politica, desdenhe da economia e desobedeça fielmente a moda. Não sei dizer, só sei escrever.
Me encaixo em minha vida. As letras se encaixam em minha vida. E entristecidamente só sigo pautas e faço discursos por olhares. Não sei. Seria como perguntar a um pássaro por qual motivo ele voa. Instinto? Necessidade? Libertação.
Talvez seja isso... Libertação. Caiu-me como um presente, certa vez um senhor de paletó branco que prega palavras de salvação no centro da capital ensinou-me, sem eu ter pedido: "Libertação vem do Grego, salvação. Livramento!" Ainda que estivéssemos falando de coisas diferentes, por alguma junção dos céus, estávamos procurando um sentido para a mesma coisa.
Liberare, no latim. Ainda que o mundo te prenda ou te segure piedosamente. O jornalismo me humaniza. Pessoas me intrigam, me subestimam, me chamam e eu vou. Vou e por que não ir? Quero saber mais, olhos nos olhos sendo relatados em papéis e em câmeras.
Eu sempre amei coisas incompreensíveis sabe?
"Pai, mas por que quando uma pessoa morre ela tem que ir para o céu? O céu é tão alto e caminhada deve ser tão longa que até ela completar destino, já esta na hora de morrer de novo, não é pai?" Não sei.
Ninguém sabe. E por que é que eu deveria saber? Só sei que quero. Sempre quis. Nasci observando o mundo e me encantando por culturas. Emprestaram-me certa vez aos meus 7 anos, uma maquina datilográfica, desde então percebi que minhas mãos seriam meu principal instrumento de trabalho. De viver. E hoje, radicalmente, me torno mais louca por essa ideia. Ainda que me arrancassem as mãos, tendo visão, um assunto e um coração, eu teria motivos para escrever.
Ainda que eu já tenha escrito sobre minhas paixões por doces ou por homens amargos, abrir meus cadernos é como despir-me. Tudo de mim, tudo do mundo que vejo em volta de mim.
E retornando a essa clichê conversa familiar. Por que direito tia? Por que engenharia ou biomedicina? Por que medicina? Porque sim, só sim, jornalismo.
Acho que ser jornalista cada vez parece mais impensável para as pessoas, o status não se vai inverter. Mas nós podemos ser diferentes e lutar pelo que queremos só porque sim e acho que o texto reflete isso perfeitamente. Não temos que justificar os atos com a razao mas com o coração :)
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